Publicado em: 3 de agosto de 2025
Técnica centenária com redes iluminadas transforma as águas salobras do maior complexo lagunar catarinense em um espetáculo visível do espaço – e sustenta fama gastronômica reconhecida nacionalmente.
Quando o sol se põe na Lagoa de Imaruí, no Sul de Santa Catarina, um fenômeno transforma o cenário: centenas de luzes azuis cintilam nas águas escuras, revelando a tradicional pesca noturna do camarão-rosa. Este ritual, mantido há gerações por pescadores artesanais, acontece no maior complexo lagunar do estado (86 km²), que banha Laguna, Imaruí e Pescaria Brava. A técnica única usa redes chamadas “aviãozinho” – equipadas com argolas e lanternas – que atraem os crustáceos nas áreas rasas, criando um espetáculo que rivaliza com o céu estrelado.
A riqueza do camarão nativo, porém, exige equilíbrio: entre julho e novembro, a pesca é proibida em todo o complexo lagunar para garantir a reprodução das espécies (defeso). Esse cuidado garante a sustentabilidade do recurso que define a economia local. A água salobra – mistura de rios e mar – é o segredo que favorece o desenvolvimento do Penaeus paulensis (camarão-rosa) e do Penaeus schmitti (branco), tornando a região um berçário natural.
O resultado vai além da conservação: o “Camarão Laguna” conquistou fama como um dos melhores do Brasil, atraindo turistas em busca do sabor único e da experiência de ver as “cidades flutuantes” de luzes. Enquanto o defeso protege o futuro, de dezembro a junho as redes voltam a brilhar, sustentando vidas, tradições e a identidade de um território onde natureza e cultura navegam juntas.