Boicote viral: como uma frase em comercial da Havaianas reacendeu guerra política contra marcas

Publicado em: 22 de dezembro de 2025

Boicote viral: como uma frase em comercial da Havaianas reacendeu guerra política contra marcas

Campanha de fim de ano com a atriz Fernanda Torres foi interpretada como crítica à direita, mas episódio é apenas o mais recente em uma lista de empresas alvo.

A Havaianas se tornou o centro de uma nova onda de ameaças de boicote nas redes sociais após o lançamento de sua campanha de fim de ano. No comercial, a atriz Fernanda Torres diz: “Desculpa, mas eu não quero que você comece 2026 com o pé direito”. A frase, que a campanha explica ser um incentivo para agir com atitude e não depender da sorte, foi interpretada por apoiadores da direita como uma crítica política disfarçada. A reação foi imediata, com a criação de hashtags como #HavaianasNoLixo e manifestações de figuras públicas, como o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que ironizou o slogan da marca.

Esse não é um caso isolado. Nos últimos anos, a polarização transformou campanhas publicitárias em estopim de disputas ideológicas. Em outubro de 2023, a marca de chocolate Bis foi alvo da hashtag #BisNuncaMais após uma parceria com o influenciador Felipe Neto, conhecido crítico do ex-presidente Jair Bolsonaro. Pouco depois, em novembro do mesmo ano, a Piracanjuba foi colocada na lista de boicote por ter a cantora Ivete Sangalo, que declarou apoio a Lula, como garota-propaganda.

A efetividade prática desses movimentos é frequentemente questionada. Analistas apontam que, embora gerem grande barulho nas redes, seu impacto econômico costuma ser limitado. Um exemplo emblemático ocorreu com o próprio caso Piracanjuba: ao sugerirem a troca pelo leite Ninho, os consumidores acabariam comprando um produto fabricado pela mesma empresa, a Laticínios Bela Vista, que possui um acordo de licenciamento com a Nestlé. Até o momento, a Havaianas não se manifestou publicamente sobre a polêmica.

Saiba mais:
O fenômeno do boicote a empresas por razões políticas ou culturais é antigo e global. Nos Estados Unidos, casos históricos incluem o boicote aos ônibus de Montgomery, em 1955, um marco na luta por direitos civis, e as campanhas contra a Coca-Cola e a Disney por diferentes grupos conservadores ao longo das décadas. No Brasil, antes da era das redes sociais, grandes empresas já eram pressionadas por setores organizados da sociedade. Na última década, com a radicalização do debate público online, essas campanhas ganharam velocidade e visibilidade inéditas, muitas vezes incentivadas por figuras políticas. O padrão observado é cíclico: picos de grande engajamento seguidos por perda de fôlego, enquanto o consumo tende a retornar aos níveis normais, indicando que o ruído nas redes nem sempre se converte em mudança de hábito sustentada no mundo real.

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