Publicado em: 12 de agosto de 2025
Porto de Imbituba estima redução de até 200 contêineres mensais para os EUA; indústria madeireira catarinense, com 100% de dependência do mercado americano, já adota férias coletivas e demissões.
A taxação de 50% sobre produtos brasileiros imposta por Donald Trump transformou-se em um terremoto econômico para Santa Catarina. No Porto de Imbituba — onde 49,4% das operações são de exportação —, madeira, pisos e produtos refrigerados (como frango e peixe) lideram as cargas afetadas. Desde 6 de agosto, quando as tarifas entraram em vigor, produtores correm para redirecionar 150 a 200 contêineres mensais antes destinados aos EUA, uma queda de 5% na movimentação portuária. “Muitos nos procuram para linhas alternativas com Ásia e Europa”, confirma Christiano Lopes, presidente do porto .
A crise atinge especialmente o setor madeireiro, concentrado no Norte, Nordeste e Serra catarinense. Segundo a Federação das Indústrias (Fiesc), empresas com faturamento quase 100% vinculado aos EUA já adotam férias coletivas e demissões — reflexo da dependência extrema: 50% da produção nacional de madeira processada depende do mercado americano . Enquanto isso, produtos como café (35% das exportações brasileiras para os EUA) e pescados (70% direcionados aos americanos) enfrentam colapso iminente, com perdas estimadas em US$ 1 bilhão apenas na carne bovina .
O governo de SC prepara medidas emergenciais, como postergação de tributos e crédito subsidiado, para conter o impacto social. Embora granéis minerais e agrícolas (79,2% do movimento do porto) sigam estáveis por terem Europa e Ásia como destinos, o temor é o efeito cascata: produtos como manga e gengibre — sem mercado interno para absorver o excedente — podem pressionar preços e inviabilizar pequenos produtores. “O represamento no mercado interno reduzirá preços a curto prazo, mas inviabilizará cadeias inteiras”, alerta Pablo Bittencourt, economista-chefe da Fiesc .