Publicado em: 6 de setembro de 2025
Em meio a relatos de brasileiros mortos e desaparecidos, jaraguaense retorna após oito meses no conflito e desabafa sobre os horrores vividos em missões de resgate.
Rafael Guimarães, 29 anos, natural de Jaraguá do Sul (SC), voltou ao Brasil em fevereiro após quase oito meses atuando como voluntário na guerra da Ucrânia. Integrante da Legião Internacional de Defesa Territorial, convocada pelo presidente Volodymyr Zelensky, o catarinense deixou seu trabalho na área industrial para atuar na linha de frente do conflito. Inicialmente, sua intenção era participar de ações humanitárias, mas descobriu que o resgate de civis só era possível mediante ingresso nas Forças Armadas ucranianas. Após rigoroso treinamento, Rafael juntou-se a um grupo de elite especializado em reconhecimento e apoio médico em zonas de combate .
Sua experiência incluiu missões perigosas sob inverno rigoroso e constantes ataques com drones, mísseis e artilharia. Rafael relatou ter participado do resgate de civis vulneráveis, incluindo idosos, mulheres e crianças, e destacou a solidariedade entre os voluntários internacionais: “Vi homens e mulheres carregando feridos nas costas. Essas ações jamais serão esquecidas”. No entanto, sua história contrasta com relatos recentes de outros brasileiros que se sentiram enganados pelo recrutamento, foram forçados a funções não acordadas ou enfrentaram dificuldades para retornar ao Brasil . O Ministério das Relações Exteriores já registra nove mortes e 17 desaparecidos entre voluntários brasileiros na Ucrânia .
Apesar das marcas emocionais e dos riscos extremos, Rafael afirma que repetiria a experiência se necessário. “Tenho sorte de voltar vivo e inteiro para casa, mas uma parte de mim ficou no campo de batalha com meus irmãos caídos”, desabafou. Seu retorno bem-sucedido é exceção em um contexto onde voluntários enfrentam obstáculos como contratos abusivos, retenção de passaportes e limite de assistência consular. O Itamaraty recomenda que brasileiros recusem propostas de alistamento em conflitos armados estrangeiros devido aos perigos e à complexidade jurídica envolvida .