Publicado em: 8 de julho de 2024
A eleição para a presidência da Câmara será em fevereiro do ano que vem, mas parlamentares já se movimentam para se viabilizar na disputa.
O atual presidente, Arthur Lira (PP-AL), não poderá concorrer à reeleição e tenta eleger um aliado para a cadeira.
A disputa já se reflete na pauta da Casa. Lira tem colocado em votação projetos de interesse de determinadas bancadas, como a evangélica, para tentar atrair apoio na eleição.
Oficialmente, Lira ainda não definiu quem apoiará, mas o deputado Elmar Nascimento (União-BA) é apontado pelos colegas como o favorito do presidente. Lira tem dito que vai anunciar seu apoio em agosto.
Elmar é o líder do União Brasil na Câmara, considerado o sucessor natural de Lira. O União tem hoje 58 deputados, e é a terceira maior bancada da Casa, atrás apenas do PL (92) e do PT (67). Ele, no entanto, sofre resistências por ser considerado muito próximo ao presidente e uma espécie de “continuidade” da gestão Lira.
Entre os governistas, a situação é ainda mais complicada. Ele foi cotado para assumir uma vaga entre os ministros do governo Lula ainda durante o período de transição, mas sofreu forte resistência .
O parlamentar é adversário político do ex-governador da Bahia e atual ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT). No estado, Elmar Nascimento fez campanha para ACM Neto, presidente do seu partido, contra o então candidato do PT, Jerônimo Rodrigues, que acabou sendo eleito.
Também pesa contra o deputado ter votado contra a prisão do suposto mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco, o que incomodou o Planalto. Apesar disso, essa votação é minimizada por deputados, que relativizam o voto como uma tentativa de demonstração de força da Câmara diante de decisões do Supremo Tribunal Federal (STF).
Outro postulante é Marcos Pereira (Republicanos-SP). Ele é considerado um nome com bom trânsito na Casa. Foi eleito vice-presidente em duas ocasiões, na atual gestão de Arthur Lira e na última presidência de Rodrigo Maia (PSDB-RJ), à época no DEM, à frente da Câmara.
Pereira também tem boa interlocução com a bancada evangélica, hoje comandada por um deputado do seu partido, Silas Câmara (Republicanos-AM). Câmara afirma que Marcos Pereira preza pelo diálogo e dificilmente imporia uma agenda de costumes, mesmo sendo evangélico.
Ele avalia que Pereira dificilmente se envolveria em uma polêmica como a recente votação de tramitação com urgência de um projeto que dificultava a prática do aborto, mas decidiria pela análise do projeto em diferentes comissões, seguindo o ritmo tradicional.
Ainda que diga a aliados que seguirá com a candidatura até o fim, deputados apontam Hugo Motta (Republicanos-PB) como um substituto possível dentro do Republicanos.
É considerado o mais governista entre os postulantes, o que afasta integrantes da oposição e parte do “Centrão”.
Os deputados avaliam que eventual submissão de Brito ao governo poderia arrefecer o empoderamento que a Câmara adquiriu sob a gestão de Lira, especialmente na cobrança pela liberação de emendas parlamentares.
Por outro lado, Brito é próximo ao presidente do partido, Gilberto Kassab, que ocupa a secretaria de Governo e Relações Institucionais do Estado de São Paulo, comandada pelo bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos). Este fato pode atrapalhar Brito, porque daria muito poder a Kassab
O deputado tem trânsito fácil entre as bancadas, da esquerda à direita. Outro ponto positivo é que o relator do Orçamento de 2025, senador Ângelo Coronel (PSD-BA), é do partido de Brito, uma aposta do candidato para ganhar tração entre os integrantes do “Centrão”. A gestão do Orçamento é um posto estratégico para atender a demandas dos deputados em relação a distribuição de recursos.
Até aqui, o deputado é o mais discreto entre os candidatos já colocados para a disputa.
Ele é aliado da família Calheiros em Alagoas, adversária de Lira, o que pode dificultar sua campanha. Por outro lado, pode se consolidar como o candidato “anti-Lira”.
Dentro do MDB ainda ressoa o trauma da campanha de Baleia Rossi (MDB-SP) à presidência da Casa, em 2021, contra Arthur Lira. Baleia alcançou 145 votos contra 302 de Lira.
Também circulam na Câmara os nomes de Altineu Côrtes (PL-RJ) e Dr Luizinho (PP-RJ).
Altineu é líder do PL. Deputados avaliam, no entanto, que ele vai tentar reunir o maior número de votos possíveis para se retirar da disputa e conseguir vagas para o partido na Mesa Diretora.
Luizinho tenta se viabilizar e é considerado um alternativa de Lira para o caso de Elmar não emplacar sua candidatura.