Publicado em: 6 de novembro de 2025
Proposta que visa industrializar o país pode reduzir receita, afetar empregos e enfraquecer a reposição do rebanho, segundo analistas do setor.
O debate sobre a proibição da exportação de gado vivo voltou ao centro das discussões políticas. A medida, defendida por grupos que argumentam pela priorização do abate interno e da exportação de carne com maior valor agregado, gera forte preocupação entre especialistas da pecuária. Estudos indicam que a interrupção desse comércio traria perdas econômicas significativas para toda a cadeia produtiva.
De acordo com análise da Scot Consultoria, as exportações de bovinos vivos atendem a mercados específicos, que preferem o animal vivo por razões religiosas, culturais ou operacionais. Portanto, essa atividade não compete diretamente com a venda de carne in natura, mas complementa a pauta exportadora do agronegócio brasileiro. Sua proibição afetaria diretamente a renda do produtor, a geração de empregos e a competitividade do setor.
A restrição impactaria desde a cria até a fase de engorda, comprometendo a reposição do rebanho e a dinâmica do mercado interno. Sem a alternativa de venda para o exterior, haveria uma pressão de oferta no mercado doméstico, potencialmente derrubando os preços pagos ao pecuarista e criando um cenário de instabilidade para um dos setores mais vital da economia nacional.
Saiba mais
O Brasil é um dos maiores exportadores de bovinos vivos do mundo, com embarques destinados principalmente para países como Turquia, Egito e Líbano. Em 2023, foram mais de 400 mil cabeças exportadas, movimentando centenas de milhões de dólares. Experiências internacionais, como a proibição temporária implementada pela Austrália em 2011, demonstraram que, sem um plano robusto de transição para industrialização interna, o resultado imediato pode ser uma desorganização do mercado e perda de receita para os pecuaristas, sem que, necessariamente, um parque industrial de maior valor agregado se estabeleça no curto prazo.

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