Publicado em: 29 de julho de 2025
Disfarçado e anônimo, Vágner Espíndola percorreu ruas, recebeu doações e testou serviços da prefeitura; experiência resultará em novo protocolo de atendimento com medidas firmes.
A imersão secreta
Na madrugada de 10 de julho, o prefeito de Criciúma, Vágner Espíndola (conhecido como Vaguinho), trocou o palácio municipal pelas ruas da cidade. Vestindo roupas simples e sem identidade oficial, ele iniciou uma jornada de quase 24 horas como pessoa em situação de rua. A ação, mantida em absoluto sigilo (apenas sua esposa e uma equipe de filmagem discreta estavam cientes), levou-o a praças movimentadas, regiões esquecidas perto dos trilhos do Pinheirinho e avenidas centrais. Em cena emocionante, cruzou com a própria família — e as crianças não o reconheceram .
O teste dos serviços públicos
Ao longo da experiência, Vaguinho recebeu alimentos e dinheiro de estranhos em semáforos, mas o momento decisivo ocorreu no bairro Santa Bárbara, já no fim da madrugada. Abordado pela Assistência Social municipal, vivenciou o protocolo padrão: escuta ativa, oferta de abrigo e tentativa de convencimento. Só então revelou sua identidade, encerrando a imersão. O prefeito destacou a importância de sentir na pele as fragilidades do sistema para além dos relatórios técnicos .
Mudanças concretas a caminho
Com base na vivência, a prefeitura prepara um novo protocolo de atendimento a ser apresentado à Câmara de Vereadores. As medidas incluem fortalecer a rede de acolhimento, mas também endurecer ações em casos críticos — como internações involuntárias para situações extremas. “Essa experiência foi fundamental para entender a complexidade do problema e preparar decisões mais firmes”, afirmou Vaguinho, que defende políticas baseadas em empatia e eficácia .
Contexto estadual: Enquanto Criciúma busca inovar, Santa Catarina enfrenta uma crise crescente: a população em situação de rua quase dobrou desde 2021, saltando de 5.678 para 9.989 pessoas em 2023 .