Publicado em: 27 de junho de 2024
Foto: Unisul/Divulgação/NDUm pesquisador da Unisul (Universidade do Sul de Santa Catarina) foi reconhecido em um congresso internacional na Suíça por uma pesquisa que apontou a ineficácia do Kit Covid na prevenção de mortes de pacientes infectados pelo covid-19.
A pesquisa sobre o Kit Covid foi desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Unisul. O trabalho foi realizado pelos acadêmicos Fabiana Schuelter-Trevisol, Rafaela Bittencourt Flores, Gabriela de Souza Bett e orientado pelo pesquisador Daisson Trevisol.
Daisson explicou que o Kit Covid não apresentou nenhum benefício relacionado a sobrevivência dos pacientes ou sua alta hospitalar. “Verificamos que não houve diferença estatisticamente significativa nos resultados, ou seja, o tratamento precoce não melhorou as taxas de óbito ou alta hospitalar”, afirmou.
Para realizar a pesquisa, a equipe pegou dados de todos os pacientes internados por covid-19 no HNSC (Hospital Nossa Senhora da Conceição) no período do início da pandemia até junho de 2021.
“Comparamos os que utilizaram Kit Covid antes da internação com os que não utilizaram. Avaliamos os desfechos intubação, necessidade de UTI e óbito. E podemos afirmar, de forma estatisticamente significativa, que o uso do kit não trouxe benefício para estes pacientes”, disse o pesquisador em entrevista ao portal ND.
“Houve inclusive uma tendência (quando não há diferença estatisticamente significativa mas pode estar relacionado), de quem tomou o kit ter morrido mais. Mas isso pode estar relacionado ao fato de demorar mais para ir procurar o hospital”, completou.
O grupo foi premiado no “World Congress on Pharmaceutical Research and Toxicology“, evento internacional que reuniu cientistas de países como Inglaterra, Arábia Saudita, China, França, Estados Unidos e Índia.
Outro trabalho de Daisson Trevisol que também foi premiado no evento trata do acompanhamento da quantidade de medicamentos disponíveis em estoque, a partir do uso de um software que auxilia na assistência farmacêutica.
O objetivo do aplicativo de gestão desenvolvido pelo professor e os estudantes é monitorar a falta de medicamentos nos serviços oferecidos pelo SUS (Sistema Único de Saúde) na atenção primária.
“[Ele vai] informar quando há falta de medicamentos, identificar os motivos e, se necessário, acionar a Anvisa e o Ministério da Saúde para contatar os produtores, a indústria farmacêutica e os distribuidores, facilitando o processo de reposição”, diz o professor.
O projeto foi produzido em parceria com o CONASEMS (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde), vinculado ao Governo Federal e ao MS (Ministério da Saúde) e o sistema foi adotado pelas 5.570 prefeituras do país.
Outras duas pesquisas catarinenses também foram premiadas durante o evento. A pesquisadora Fabiana Schuelter apresentou um software que facilita a prescrição de medicamentos a pacientes internados.
“Esse software ajuda a garantir que os profissionais de saúde tenham conhecimento de todos os medicamentos que um paciente já está tomando ao ser admitido no hospital, evitando prescrições duplicadas ou interações medicamentosas indesejadas”, afirma Fabiana.
O congresso foi realizado na Suíça no final de maio e está voltado para produções científicas que apresentam soluções para a eficiência da farmácia clínica.