Publicado em: 1 de julho de 2024
Foto: Divulgação UnibaveO Museu ao Ar Livre Princesa Isabel (Malpi), de Orleans, está restaurando 75 mapas e 25 cadernetas de campo datados de meados do século 19, da formação da Colônia Grão-Pará. O projeto, aprovado no edital do prêmio Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura 2023, contribuirá com a preservação dos documentos para viabilização de futuras pesquisas.
A área correspondente à Colônia é de, atualmente, 10 municípios da região Sul do estado de Santa Catarina, e o acervo faz parte de uma série de documentações pertencentes ao Centro de Documentação Histórica Plinio Benício (CEDOHI), do Museu ao Ar Livre Princesa Isabel e da Fundação Educacional Barriga Verde (Febave), mantenedora do Unibave.
O projeto “Entre mapas e cadernetas de campo: história, preservação e difusão de acervos históricos do Museu ao Ar Livre Princesa Isabel”, conforme a diretora do Museu, Valdirene Böger Dorigon, colabora com a preservação de parte da história da imigração. Um dos exemplos, é o mapa da comunidade do Rio dos Pinheiros. O local foi um dos principais núcleos coloniais, com a chegada dos imigrantes europeus em 1882.
Boa parte dos mapas já foi recuperado e, agora, a equipe vem trabalhando nas cadernetas. A diretora frisa que o acervo se constitui um dos mais importantes centros de documentação de pesquisa histórica de Santa Catarina sobre a colonização europeia da região. “Aqui, há várias tipologias de documentos. São documentos de grande interesse histórico, com registros desde a implantação da Colônia Grão-Pará com a demarcação iniciada em 1875, lista de imigrantes, títulos de propriedade, censos dos moradores, documentos relacionados às questões administrativas da empresa e da vida cotidiana na colônia, até os registros de venda de terras de 1980”, comentou Valdirene.
O projeto ainda prevê uma palestra gratuita envolvendo os 10 municípios de abrangência da antiga Colônia Grão-Pará. “Entre mapas e cadernetas de campo” é um projeto aprovado na categoria Patrimônio e Paisagem Cultural: Museus e está sendo realizado com recursos do Governo do Estado de Santa Catarina, pela Fundação Catarinense de Cultura (FCC), por meio do Prêmio Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura da Edição 2023.
Sobre a Colônia
A Colônia Grão-Pará é resultado do Dote de casamento da Princesa Isabel com o Conde D´Eu, que recebeu de seus pais, o Imperador Dom Pedro II e a Imperatriz Teresa Cristina. Em Santa Catarina, foi realizado o tombamento topográfico de 12 léguas de terra na região do Vale do Rio Tubarão. Para colonizar as terras, os Condes fizeram contrato com o Comendador Caetano Pinto Júnior, responsável por dividir as terras em lotes e colonizá-las, com nacionais e estrangeiros.
Para isso, formaram a Empresa Colonizadora Grão-Pará, dando início às demarcações em 1875, o que originou a Colônia Grão-Pará. Várias propagandas sobre a Colônia foram realizadas na Europa no intuito de atrair imigrantes europeus. A colônia foi inaugurada em 2 de dezembro de 1882, quando iniciou a venda de lotes coloniais aos colonos nacionais e imigrantes europeus. Portugueses, italianos, austríacos, alemães, poloneses, franceses, letos, ingleses, russos, holandeses, belgas, entre outras nacionalidades, adquiriram terras nesta colônia.
Ao total, foram 12 léguas demarcadas, que formaram parte dos atuais municípios no sul catarinense: Orleans, Grão-Pará, Rio Fortuna, Santa Rosa, Armazém, Braço do Norte, São Ludgero, São Martinho, Pedras Grandes e Lauro Müller.
Documentos
Os documentos produzidos ficaram por muitos anos esquecidos em um porão, descobertos na década de 60 pelo pesquisador e incentivador da cultura na região, padre João Leonir Dall’Alba, fundador do Unibave e do Museu ao Ar Livre. Calcula-se que, aproximadamente, 200 mil documentos estão disponíveis no acervo documental do CEDOHI, instalado na Casa de Pedra, do Museu ao Ar Livre.
Conforme o museólogo Idemar Ghizzo, muitos dos documentos encontrados no porão da antiga sede da Empresa Colonizadora Grão-Pará estavam em estado avançado de degradação. “Muitos documentos estão danificados, o uso de tintas ácidas e papéis de baixa qualidade impossibilita seu manuseio”, relata Idemar. Segundo ele, a iniciativa, por meio dos recursos do Prêmio Elisabete Anderle, é fundamental para possibilitar a aquisição de serviços e materiais para a preservação. “São documentos com mais de 149 anos de existência que necessitam de atenção para deixá-los acessíveis ao público”, explicou.
Muitas pesquisas foram realizadas nos acervos documentais e continuam sendo concretizadas. O próprio padre João publicou vários livros, assim como outros autores, utilizando como fonte os documentos da Colônia Grão-Pará.
Colaboração: Antonio Rozeng / Comunicação Unibave