Mosquito transmissor da febre amarela é identificado pela primeira vez em matas da nossa região

Espécie vetora do vírus silvestre foi encontrada em cinco municípios do estado, acendendo alerta para a vacinação.

Pela primeira vez, o mosquito Haemagogus leucocelaenus, principal transmissor da febre amarela silvestre, foi identificado em áreas de mata de cinco municípios de Santa Catarina. A descoberta é resultado de uma pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e reforça a importância da imunização em todo o estado, recomendada desde 2018.

As coletas que levaram ao achado ocorreram em 2023, motivadas pela morte de primatas registrada em 2021 nos municípios de Santa Rosa de Lima, Rio Fortuna, Braço do Norte, São Martinho e Pedras Grandes. Do total de mais de quatro mil mosquitos capturados, 91 eram do gênero Haemagogus, todos confirmados como sendo da espécie leucocelaenus após análises morfológicas e moleculares.

Segundo a bióloga Sabrina Fernandes Cardoso, responsável pelo estudo, a presença do vetor em áreas de mata cria um cenário de risco. Se o vírus circular nessas regiões, há a possibilidade de retorno da transmissão urbana da doença. A pesquisadora reforça que a vacinação é a medida mais eficaz de prevenção, especialmente para quem vive ou frequenta áreas próximas a matas.

Saiba mais:
O Haemagogus leucocelaenus é um mosquito de hábitos silvestres, que habita o dossel das florestas e tem os macacos como principais hospedeiros do vírus. Sua identificação em novas áreas frequentemente antecede a ocorrência de casos humanos, funcionando como um sentinela. No Brasil, o último grande surto urbano de febre amarela ocorreu em 1942. Desde então, os casos registrados são do ciclo silvestre, mas a presença do vetor em regiões de transição entre mata e cidade mantém o alerta permanente para a vigilância e a manutenção de altas coberturas vacinais.