Megaoperação no Rio vira o maior massacre de sua história; corpos são levados a praça por moradores

Publicado em: 29 de outubro de 2025

Megaoperação no Rio vira o maior massacre de sua história; corpos são levados a praça por moradores

Operação que deixou mais de 115 mortos supera o Massacre do Carandiru; corpos foram retirados da mata por moradores e reunidos em via pública para reconhecimento.

A megaoperação policial contra o Comando Vermelho nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, tornou-se a mais letal da história do estado. Na madrugada desta quarta-feira (29), moradores retiraram dezenas de corpos de uma área de mata e os levaram para a Praça São Lucas, no Complexo da Penha. O ato, uma forma de protesto e para facilitar o reconhecimento pelas famílias, expôs publicamente a dimensão da tragédia. Testemunhas relataram cenas de extrema violência, com corpos apresentando marcas de tiros à queima-roupa .

Inicialmente, o governo estadual contabilizou 64 mortos na ação desta terça-feira (28), incluindo quatro policiais. No entanto, os mais de 50 corpos levados à praça pelos moradores não estavam incluídos no balanço oficial divulgado anteriormente, e as autoridades trabalham para apurar se todas essas mortes estão ligadas à operação . Com isso, o número total de vítimas supera 115, ultrapassando o Massacre do Carandiru de 1992, que deixou 111 mortos, e marcando um episódio sem precedentes na história da segurança pública brasileira .

A operação, batizada de “Contenção”, mobilizou 2,5 mil agentes e foi planejada ao longo de dois meses com o objetivo de cumprir mandados de prisão contra a cúpula do Comando Vermelho. O saldo operacional inclui 81 prisões e a apreensão de 93 fuzis em um único dia – um número que supera a apreensão mensal em quase todos os meses de 2025 . O governador Cláudio Castro classificou o confronto como uma “guerra” e afirmou que o estado está “sozinho” nesse conflito, após criticar a falta de apoio do governo federal .


Saiba mais:

A megaoperação marca uma mudança perigosa no conflito urbano no Rio. Pela primeira vez, traficantes utilizaram drones para lançar granadas contra as forças especiais, um método até então inédito que indica uma escalada no poderio bélico do crime organizado . Além disso, a ação gerou fortes reações: o Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU se disse “horrorizado”, e o Ministério Público Federal e a Defensoria Pública da União cobram explicações do governo estadual, questionando se foram seguidas as regras da “ADPF das Favelas”, decisão do STF que busca reduzir a letalidade policial em comunidades . Enquanto isso, relatos de mães que reconheceram seus filhos entre os mortos, como o de Elieci Santana, que afirmou que o filho “queria se entregar”, dão um rosto humano à tragédia e aprofundam as questões sobre os métodos utilizados .

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