Publicado em: 3 de junho de 2024
Imagem: Brasil 61Mais de 10 milhões de brasileiras podem ter lipedema e não sabem, segundo dados do Instituto Lipedema Brasil. No mundo, 10% das mulheres são acometidas pela doença — caracterizada pelo acúmulo anormal de gordura no corpo, em especial, nas pernas. A enfermidade também provoca dor, inchaço, hematomas e sensação de peso nos membros inferiores.
A cirurgiã vascular e membra da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), Cristienne Souza, explica que a condição crônica é pouco conhecida e o diagnóstico é essencialmente clínico. Ela aponta que o lipedema não é causado por excesso de peso — e há um fator característico para o diagnóstico.
“Ele tem uma peculiaridade que é preservar pés e mãos, ou seja, geralmente esse acúmulo de gordura não acontece nos pés e nas mãos — o que pode ajudar a diferenciar de outras comorbidades como, por exemplo, obesidade e sobrepeso”, destaca a cirurgiã.
Junho é mês de conscientização do lipedema. E chama atenção para o diagnóstico precoce e incentiva hábitos saudáveis. Na avaliação da especialista, a paciente diagnosticada precocemente pode frear a evolução da doença.
“Vai impedir o desenvolvimento dessa doença para as fases mais avançadas nas quais já tem uma certa limitação da capacidade funcional desses pacientes. E elas devem, a partir do diagnóstico, fazer um acompanhamento médico com o especialista”, diz.
O lipedema não tem cura e prejudica a qualidade de vida das mulheres, por exemplo, com a perda de peso — mesmo com atividade física constante aliada à boa alimentação.
A saúde mental e psicológica das pacientes também pode ser acometida, como relata a empresária Grasiele Toledo, 36 anos, moradora de Arapongas (PR), diagnosticada em 2022. Há seis meses passou por uma cirurgia que mudou a sua qualidade de vida, mas conta as dificuldades enfrentadas.
“O Lipedema mexe muito com o psicológico da pessoa e frustra um pouco a mulher, porque a gente tenta de todas as formas melhorar e é muito difícil ver melhora. As dietas, exercícios físicos, melhoram as dores, mas a gente vê que o tamanho da perna não diminui e o aspecto casca de laranja também não sai por inteiro”, expõe Grasiele.
O tratamento é contínuo e demanda dieta focada em alimentos anti-inflamatórios. A especialista Cristienne Souza orienta a busca por acompanhamento nutricional para auxiliar na perda de peso, além de atividades físicas regulares. Drenagem linfática e uso de compressão elástica também são indicados.
Moradora da cidade do Rio de Janeiro, a enfermeira Janaína Ponciada, 38 anos, realizou uma bariátrica em 2018. Porém, com exercícios físicos regulares, a perna não acompanhou o processo de emagrecimento. Em 2022 veio o diagnóstico de lipedema. Ela relata melhora na qualidade de vida a partir da alimentação e da atividade física. Apesar disso, mesmo fazendo tratamento a dor ainda permanece.
“Tenho dor nas pernas e muito inchaço. Por exemplo, eu pesei de manhã, 75 quilos, vou para o plantão, volto à noite, estou com 78. As pernas doem e sinto dor de não conseguir dormir de lado — e fica quente”, conta a enfermeira.
O lipedema pode acometer mulheres em fases como a puberdade, por isso é importante se atentar aos sinais. Confira os sintomas mais comuns:
Segundo o Instituto Lipedema Brasil, o diagnóstico precoce colabora para evitar a progressão da doença ao longo dos anos — que é dividida em quatro estágios.
Estágio I – Pele com aparência normal e subcutâneo em forma de nódulos palpáveis. Drenagens e alimentação regrada podem aliviar alguns dos sintomas.
Estágio II – Apresenta pele irregular e endurecida, com acúmulo de gordura em forma de nódulos, e pode apresentar dores. E hematomas são frequentes.
Estágio III – Grande acúmulo de gordura, com deformidades da pele. Estágio em que dores e hematomas são frequentes.
Estágio IV – Pele com grandes deformidades e gordura associada à lesão do sistema linfático, causando edema nos pés. As dores são fortes na maioria dos casos e há dificuldade de deambular. Hematomas frequentes.
Fonte: Brasil 61