Publicado em: 27 de maio de 2024
FOTO: AFP - DANIEL MUNOZO governo colombiano e a guerrilha do Exército de Libertação Nacional (ELN) assinaram sábado (25) em Caracas um primeiro acordo, no âmbito das suas novas negociações de paz, que prevê a participação da sociedade civil no processo.
Este primeiro passo é apresentado pelos participantes como um avanço significativo num longo processo de negociação que está em curso desde novembro de 2022.
“Sabemos que a paz não se constrói sobre o esquecimento e a impunidade e que a voz das vítimas é fundamental para este processo e para a legitimidade dos acordos”, afirmaram representantes do governo colombiano e do ELN em comunicado de imprensa conjunto, referindo-se à participação da sociedade civil.
“Nos comprometemos a preparar e realizar um encontro onde as vítimas dos conflitos armados, da violência (…) e outros representantes locais irão “apresentar propostas” para enriquecer o processo de paz, acrescenta o texto.
Pablo Beltrán, chefe da delegação do ELN, especifica que este esforço visa “um grande acordo nacional”.
Volta dos sequestros
A assinatura do primeiro dos seis pontos discutidos constitui o principal avanço desta rodada de negociações, retomada no início de abril na Venezuela, mas que se revelou muito frágil.
Em fevereiro, o ELN congelou as discussões de paz em resposta às negociações do governo com uma facção dissidente.
Em abril, as partes retomaram o processo, mas no início de maio o ELN anunciou que iria continuar os sequestros, alegando que o governo de esquerda de Gustavo Petro não tinha respeitado o compromisso de repassar doações da comunidade internacional.
A volta dos sequestros continua a ser um ponto crítico para o processo de paz entre as duas partes que, no entanto, mantiveram um cessar-fogo bilateral.
Armado desde 1964, o ELN conta com cerca de 5.800 homens, segundo a inteligência militar. Embora tenha um comando central, as suas frentes são militarmente autônomas, o que, segundo os especialistas, complica as negociações.
Inspirado pela revolução cubana e pela teologia da libertação, o ELN conduziu negociações de paz com cinco governos anteriores, sem chegar a um acordo final e a resultados concretos.
Eleito em 2022 como o primeiro presidente de esquerda da história do país, Gustavo Petro iniciou discussões com os principais grupos armados que operam na Colômbia. Este diálogo diz respeito ao ELN, mas também aos dissidentes das Farc, que rejeitam o histórico acordo de paz assinado em 2016, e aos grupos paramilitares e aos traficantes de droga.
Via RFI