Publicado em: 12 de julho de 2024
Após mais de uma década de batalha, o Museu do Índio, no Rio de Janeiro recebeu na quarta mais de 600 itens indígenas que estavam, de forma irregular, segundo autoridades brasileiras, no Museu de História Natural de Lille, na França.
De acordo com o site do governo Federal, as peças, muitas delas raras e únicas, incluindo objetos sagrados como os usados no Kuarup (ritual de despedida dos mortos na região do Xingu), permaneceram 15 anos no Museu de Lille, cidade a cerca de 200 km de Paris. O conjunto foi inicialmente emprestado pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), mas deveria ter retornado em 2009, segundo o Brasil.
A demora deu início a uma disputa de mais de uma década. A batalha só foi vencida graças à insistência de técnicos do Museu do Índio, além da intervenção do Ministério Público Federal (MPF) e do Itamaraty, segundo comunicado oficial. “É um acervo único (…) Pela data de produção, há indícios de que eles não sejam mais fabricados por estes povos. É um patrimônio cultural do Brasil”, disse o coordenador de Patrimônio Cultural do Museu do Índio, Bruno Oliveira Aroni, no comunicado.
Discórdia entre Brasil e França
Segundo a Embaixada do Brasil em Paris, o retorno das peças foi possível após um longo processo de negociação envolvendo o Ministério das Relações Exteriores brasileiro, por meio da representação diplomática na capital francesa, do Instituto Guimarães Rosa, e o Ministério dos Povos Indígenas do Brasil.
Em post de rede social, a Embaixada “agradeceu às autoridades francesas por sua cooperação no apoio à restituição dessa coleção etnográfica”.
Entretanto, de acordo com um comunicado do governo federal divulgado em junho, “o processo de recuperação desse conjunto é marcado pela protelação dos franceses (…) [que] discordaram ou impuseram dificuldades à devolução. Ao contrário do que previa o contrato, segundo o MPF, o dinheiro do transporte sairá dos cofres do Brasil, já que os europeus se recusaram a pagar. Esse, contudo, foi o único meio de pôr fim à discórdia”.
A transportadora especializada custou ao Brasil R$ 1 milhão e o voo foi realizado pela empresa aérea Latam.