Dia da Consciência Negra alerta para o racismo sistêmico no país

Data homenageia Zumbi dos Palmares e serve como reflexão sobre os avanços e os persistentes desafios na luta por igualdade racial.

A celebração do Dia da Consciência Negra, em 20 de novembro, marca a morte de Zumbi dos Palmares e reflete os avanços “extraordinários” conquistados pelo movimento negro nas últimas seis décadas. O presidente da Fundação Palmares, João Jorge Santos Rodrigues, reconheceu as conquistas, como as cotas raciais e a criação do Ministério da Igualdade Racial, fruto da luta de lideranças como Abdias Nascimento e Lélia Gonzalez.

No entanto, Rodrigues alerta que o cenário ainda está longe do ideal. Ele caracteriza o racismo no Brasil como um problema sistêmico, um “crime continuado” que se manifesta em violências como as chacinas, que vitimam majoritariamente a população negra. A data, agora feriado nacional, é vista como uma oportunidade crucial para pautar a causa da justiça e da igualdade de oportunidades para os 113 milhões de negros do país.

A secretária-executiva do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial, Larissa Santiago, corrobora a avaliação de que houve progressos, especialmente na educação. A consolidação das leis de cotas permitiu uma presença mais notória de negros nas universidades e no serviço público, criando uma base de professores capazes de levar as discussões de raça, classe e gênero para a sala de aula. Apesar disso, ela admite que desafios enormes persistem, particularmente no acesso à saúde plena e à segurança pública para toda a população.

Saiba mais:
A luta pela memória e pelo reconhecimento da resistência negra no Brasil é profundamente ancestral. A Revolta dos Malês (1835), um levante de escravizados muçulmanos na Bahia, e a Guerra de Canudos (1896-1897), comunidade que abrigou milhares de ex-escravizados e marginalizados, são exemplos emblemáticos da contínua resistência contra a opressão. A própria criação da Fundação Palmares em 1988, no ano da promulgação da Constituição Cidadã, simboliza um marco institucional nessa longa trajetória de disputa por visibilidade e reparação histórica.