Publicado em: 31 de julho de 2025
O Complexo Termelétrico Jorge Lacerda, localizado em Capivari de Baixo (SC), teve sua operação estendida até 2040 graças a um novo Contrato de Energia de Reserva (CER). Essa modalidade, utilizada no setor elétrico brasileiro desde 2008, garante geração contínua de energia em momentos de escassez e contribui para a confiabilidade do Sistema Interligado Nacional (SIN).
Segundo o diretor de Operações do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Christiano Vieira da Silva, a usina tem sido essencial especialmente durante os períodos de maior consumo, como no horário noturno, entre 18h e 22h. “Neste momento, a região Sul enfrenta baixos níveis de armazenamento nas hidrelétricas por falta de chuvas, e o uso de térmicas como Jorge Lacerda é fundamental para garantir a estabilidade do fornecimento”, afirmou.
Papel estratégico no sistema elétrico nacional
Com mais de 170 mil quilômetros de linhas de transmissão, o SIN depende de diversas fontes para atender à demanda de residências, comércios e indústrias. Nesse contexto, as termelétricas operam como um importante respaldo. “A usina Jorge Lacerda traz confiabilidade e cumpre um papel crucial ao lado de outras fontes, como solar, eólica e hídrica”, completou o diretor do ONS.
Embora o Brasil possua recursos naturais abundantes para geração limpa, esses nem sempre estão disponíveis. Nesses momentos, as térmicas entram em operação para garantir o fornecimento de energia. Para o diretor-geral do ONS, Marcio Rea, manter esse tipo de geração é essencial como um “plano B” confiável.
Transição energética com planejamento até 2040
Antes da assinatura do contrato, havia incerteza quanto ao futuro da maior termelétrica a carvão da América Latina. A renovação trouxe alívio e tempo para reestruturação. Segundo Pedro Litsek, CEO da Diamante Energia (gestora do complexo), esse novo prazo será decisivo: “Vamos usar esse período para planejar a transição energética e garantir que o fim da operação da usina, no futuro, não gere um colapso social ou econômico.”
Além disso, a presidente do Siecesc-Carvão+, Astrid Barato, destacou que a extensão do contrato oferece oportunidade de pensar em soluções sustentáveis. “Queremos construir novos modelos de negócio e planejar uma economia carbono neutra. Este contrato nos dá base para isso”, afirmou.
Impacto socioeconômico na região Sul
A cadeia do carvão em Santa Catarina movimenta mais de R$ 6 bilhões por ano e gera cerca de 21 mil empregos. Para os prefeitos da região, a prorrogação do funcionamento do complexo representa segurança econômica. O prefeito de Tubarão e presidente da Amurel, Estêner Soratto, reforçou o papel da usina na geração de renda e a importância do tempo ganho para buscar fontes alternativas de energia.
Energia firme para garantir o presente e preparar o futuro
Com o contrato renovado, o Complexo Jorge Lacerda seguirá sendo uma peça estratégica na matriz energética nacional. Além de fornecer energia firme em momentos críticos, agora também terá papel decisivo na condução de uma transição energética responsável, que equilibre desenvolvimento, segurança e sustentabilidade.