Publicado em: 14 de outubro de 2025
Autoridades apuram denúncias de internações forçadas e violações em centro de saúde no litoral catarinense.
A Polícia Civil de Santa Catarina investiga uma clínica de internação na Praia do Rosa, em Imbituba, sob suspeita de cárcere privado e maus-tratos. O caso veio à tona durante uma fiscalização da prefeitura em 8 de outubro, quando pacientes relataram estar retidos no local contra a vontade. Os depoimentos levaram a polícia a retornar ao espaço nos dias 9 e 10 do mesmo mês para aprofundar as investigações.
Durante as diligências, mais de 20 pacientes foram ouvidos e descreveram condições alarmantes. Entre as acusações estão a oferta de alimentação insuficiente, contenção física violenta, aplicação de sedativos como punição e vigilância constante que impedia o contato livre com familiares. Evidências materiais foram apreendidas no local para subsidiar o inquérito policial, oficialmente instaurado para apurar os crimes.
As investigações seguem em andamento na Delegacia de Imbituba, com base no artigo 148 do Código Penal, que define cárcere privado como crime com pena prevista de um a três anos de reclusão. A prática de maus-tratos, prevista no artigo 136, também pode levar a detenção de dois meses a um ano. A clínica ainda não se pronunciou publicamente sobre as acusações.
Saiba mais:
O caso da clínica no Rosa reflete um problema nacional. Segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Brasil registrou um crescimento de 167% no número de estabelecimentos de saúde mental entre 2011 e 2021, nem sempre acompanhado por uma fiscalização adequada. Em 2023, o Disque Direitos Humanos recebeu mais de 28 mil denúncias relacionadas a violações em instituições de saúde, incluindo internações compulsórias irregulares e tratamentos desumanos, cenário que tem mobilizado autoridades e organizações de defesa dos direitos humanos em todo o país.
