Publicado em: 26 de dezembro de 2025

O cervo-asiático, também conhecido como chital, se estabeleceu como uma ameaça silenciosa aos biomas do sul do Brasil. Originário da Índia e de países vizinhos, o animal foi introduzido na América do Sul no século passado para caça esportiva. Sem predadores naturais no novo ambiente, sua população cresceu descontroladamente, cruzou fronteiras e hoje avança por Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina.
A invasão gera um efeito cascata nos ecossistemas. O cervo compete por alimento com espécies nativas ameaçadas, como o veado-campeiro, e altera a composição da vegetação ao consumir preferencialmente certas plantas. Essa mudança impacta toda a cadeia alimentar. Cientistas temem que, sem controle, o problema atinja a escala da infestação de javalis, que há décadas causa graves prejuízos ambientais e agrícolas em Santa Catarina e em todo o país.
A urgência por um plano de manejo efetivo é clara. Apesar de portarias estaduais classificarem a espécie como invasora, a falta de dados populacionais e de ações coordenadas dificulta a contenção. A experiência com os javalis demonstra que, uma vez consolidada, a erradicação de uma espécie exótica se torna extremamente complexa e onerosa.
Saiba mais:
A introdução do cervo-asiático no continente remonta às décadas de 1930 e 1940, quando exemplares foram levados à Argentina e ao Uruguai para parques de caça. No Brasil, o primeiro registro científico foi em 2009, no Parque Estadual do Espinilho (RS). O paralelo com os javalis é pertinente: ambos são casos de introdução antrópica que fugiram ao controle. Os javalis, trazidos para criação nos anos 1990, hoje são uma das maiores pragas rurais do Brasil, especialmente em Santa Catarina, onde destroem cultivos e solos. O caso do cervo segue a mesma trajetória inicial de expansão silenciosa, alertando para a necessidade de aprendizado com erros passados para evitar um novo desequilíbrio em larga escala.