Publicado em: 22 de dezembro de 2025
Enquanto a prefeitura anuncia um novo modelo de acolhimento social, comunidade rural protesta contra a instalação do complexo em seu bairro, temendo pela segurança.
A aprovação da Central do Recomeço, um complexo de acolhimento para pessoas em situação de rua, virou ponto de discórdia em Criciúma. O projeto, que concentrará serviços como o CAPS AD e a Casa de Passagem em um terreno de 21 mil m² no bairro Capão Bonito, foi aprovado pela Câmara de Vereadores. No entanto, a comunidade local, composta por cerca de 130 famílias rurais, se mobiliza contra a iniciativa, alegando falta de diálogo e temendo impactos na segurança.
Os moradores realizaram um protesto no local no domingo (21) e planejam novas ações, como um abaixo-assinado e uma denúncia ao Ministério Público. A principal preocupação vem de uma experiência negativa do passado, quando o mesmo terreno abrigou uma clínica de reabilitação. Na ocasião, a comunidade registrou casos de furtos e invasões de propriedade. Além disso, eles citam os problemas relatados no bairro Pinheirinho, onde funciona atualmente a Casa de Passagem, como exemplo do que não desejam para sua região.
Em contraponto, a Prefeitura de Criciúma defende o projeto como um avanço estrutural. A administração municipal afirma que a Central do Recomeço não será uma clínica, mas um espaço de qualificação profissional e apoio psicossocial para pessoas que já passaram por tratamento e estão prontas para a reinserção no mercado de trabalho. O prefeito Vaguinho Espíndola declarou que o diálogo com a comunidade ocorrerá após a escrituração do terreno, adquirido por R$ 750 mil, e garantiu que o novo modelo trará mais organização e segurança.
Saiba mais:
A tensão em Criciúma reflete um desafio comum na política urbana: a instalação de equipamentos de assistência social. Os moradores do Capão Bonito temem repetir a experiência do bairro Pinheirinho, que, segundo relatos de seus residentes, sofre há anos com a desvalorização de imóveis e aumento de furtos atribuídos à presença de dependentes químicos. Enquanto isso, a prefeitura argumenta que a centralização dos serviços em um local afastado de áreas residenciais densas e com estrutura adequada é a resposta para um problema que persiste há quase 30 anos, desde a criação da primeira Casa de Passagem. O projeto, com previsão de início de operação em 2026, tem capacidade planejada para 40 pessoas, com permanência máxima de três meses.