Publicado em: 30 de agosto de 2025
Ícone da literatura e do humor, cronista gaúcho deixa um legado de mais de 70 livros e personagens que eternizaram o cotidiano do brasileiro com inteligência e sarcasmo refinado.
O Brasil perdeu, na madrugada deste sábado (30), uma de suas vozes mais agudas e amadas. Aos 88 anos, morreu em Porto Alegre o escritor e cronista Luis Fernando Verissimo, vítima de complicações de uma pneumonia. Ele estava internado no Hospital Moinhos de Vento desde meados de agosto. Filho do também consagrado escritor Erico Verissimo, Luis Fernando deixa um legado literário e jornalístico que marcou gerações com seu humor único, capaz de extrair ironia fina dos mais simples aspectos da vida cotidiana.
Verissimo era um mestre da síntese e da observação. Com uma carreira que atravessou décadas, ele criou personagens imortais como o “Analista de Bagé” – um psicanalista com sotaque gaúcho e soluções diretas – e a “Velhinha de Taubaté”, símbolo da desinformação. Autor de mais de 70 livros, como “As Mentiras que os Homens Contam” e “Comédias da Vida Privada”, suas crônicas em jornais como Zero Hora e O Estado de S. Paulo eram aguardadas por milhões de leitores, misturando política, futebol, comportamento e cultura com um estilo inconfundível de frases curtas e precisas.
Seus últimos anos foram marcados por uma batalha silenciosa contra problemas de saúde, incluindo um tratamento contra um câncer em 2020 e um AVC em 2021 que interrompeu sua produção regular. Apesar disso, seu enorme acervo de trabalho garante que sua voz permaneça viva. Verissimo não era apenas um escritor; era um intérprete do Brasil, e sua obra, um retrato atemporal e bem-humorado de quem somos.