Publicado em: 8 de janeiro de 2025
Emoção. Esse é o sentimento que marcou a chegada do prefeito de Guaíba, Marcelo Maranata (PDT), em Joinville, na manhã desta quarta-feira (8), após passar cinco dias pedalando. Foram mais de 700 quilômetros de distância entre a cidade gaúcha e o Norte catarinense. Tudo isso para agradecer o município joinvilense pela ajuda na reconstrução de Guaíba após as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul em abril de 2024. Ao pisar os pés na cidade, Maranata chorou, foi aplaudido e ovacionado.
Maranata saiu de Guaíba na madrugada da última sexta-feira (3). Ao longo do trajeto, parou em diversos pontos para deixar um adesivo, marcando a iniciativa. Também se encontrou com o prefeito de Florianópolis, Topázio Neto (PSD) e, finalmente, chegou ao destino final às 10h40min desta quarta-feira (8).
Cerca de 50 pessoas o aguardavam no Pórtico da cidade, entre eles o prefeito de Joinville, Adriano Silva (Novo), a vice Rejane Gambin (Novo), secretários, bombeiros, guardas de trânsito e ciclistas. Quando Maranata foi avistado no horizonte, os aplausos e gritos de comemoração começaram. Foi uma festa.
Adriano foi o primeiro a abraçar Maranata, que caiu no choro. A emoção também era visível nos rostos do prefeito e vice joinvilenses. O gaúcho explicou que o esforço feito na viagem feita de bicicleta por 700 quilômetros mostra o tamanho da gratidão que a população local tem por Joinville, que adotou a cidade durante as enchentes.
— O motivo de estar aqui é gratidão. Podia vir de carro, de avião, ônibus, até vir a pé porque as pessoas não têm noção de quanto foi importante para Guaíba. A gente poder vir aqui trazer o abraço e receber o abraço, poder enxergar Adriano, poder enxergar cada um, tanta gente que nos ajudou, então o sentimento de gratidão é o sentimento mais nobre que temos. Eu tenho sentimento de gratidão a Joinville que é uma coisa que só quem tava em Guaíba e viveu o momento que a gente viveu pode falar — disse às lágrimas ao chegar.
E não só as pedaladas exigiram o esforço do prefeito gaúcho, mas os perrengues encontrados no trajeto. Ao todo foram onze pneus furados, raios das rodas arrebentados. O trecho mais difícil foi do Morro dos Cavalos, em Palhoça. Por lá, Maranata chegou a ter uma entorse no tornozelo. Apesar das dificuldades, o prefeito afirma que todo o trajeto foi feito com segurança. Tudo para chegar a Joinville, abraçar as pessoas e agradecer.
Na época das enchentes, equipes da Defesa Civil, caminhões caçamba, duas máquinas retroescavadeiras, um caminhão-tanque dos bombeiros voluntários e duas carretas foram enviadas por Joinville para ajudar na recuperação do município. Durante semanas, a equipe concentrou esforços na limpeza de ruas e remoção de entulhos nos bairros mais afetados. Além disso, a Prefeitura de Joinville doou materiais escolares, mesas, cadeiras e livros às escolas de Guaíba.
— Chegaram três carretas com cadeiras. Foram 48 horas para que organizássemos tudo e em uma semana as aulas da maior escola [da cidade] voltaram. Não seria possível sem Joinville — explicou.
Com todo o apoio recebido, conta Maranata, foi possível reconstruir a estrutura de boa parte da cidade. O prefeito contou que, agora, toda a região aguarda por recursos federais para investir na defesa dos rios e evitar novas tragédias.
O que ainda não foi possível restaurar foi a memória e a mente das pessoas. A enchente afetou os bens materiais e emocionais de famílias inteiras.
— Sentimento agora é de recuperação emocional, das memórias de famílias. O trauma psicológico é muito difícil de tratar. Estamos com equipes de saúde fazendo atendimentos psicológicos — conta o prefeito, ainda emocionado.
Apesar das dificuldades enfrentadas mesmo após cerca de oito meses, a solidariedade encheu os corações gaúchos de emoção. Não só o prefeito veio até Joinville, mas famílias. Maranata destacou que uma delas, presente no Pórtico na manhã desta quarta-feira (8), havia perdido tudo na enchente e que quis vir até o Norte catarinense para agradecer.
Agora, a proposta é tornar Joinville cidade-irmã de Guaíba, que prevê o fortalecimento da colaboração mútua entre as duas cidades.
Do Pórtico, Maranata e o grupo de ciclistas foram escoltados pelos Agentes de Trânsito, Guarda Municipal e Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville até o hotel que hospeda a comitiva gaúcha, na rua 9 de Março, no Centro de Joinville.
Às 15h, o prefeito Adriano Silva e a vice-prefeita Rejane Gambin vão receber Marcelo Maranata para uma reunião na Prefeitura de Joinville. Na ocasião, serão tratados os próximos passos para que seja formalizada a condição de irmandade.
Na sequência, às 16h, na Onda Dura, que atuou como ponto de recolhimento de doações, será realizado um evento de agradecimento aos voluntários que ajudaram em todo o processo de arrecadação e destinação de donativos, além das equipes da Prefeitura de Joinville e do Corpo de Bombeiros que atuaram na recuperação da cidade gaúcha.
Via NSC Total
