Publicado em: 9 de setembro de 2024
Foto: Google/Reprodução/NDUm policial militar foi afastado das funções após ser acusado de cometer atos racistas contra um adolescente negro em uma escola de Joinville, no Norte de Santa Catarina. O caso aconteceu na escola estadual Celso Ramos, na última quinta-feira (5)
O Movimento Negro Maria Laura publicou uma nota de repúdio nas redes sociais, na qual expõe a situação que teria ocorrido contra o adolescende de 16 anos. Segundo o relato do Movimento, o jovem e a namorada – que é branca – chegaram atrasados e aguardavam autorização para entrar na sala de aula.
Durante a espera, o adolescente negro foi até o banheiro da escola e teria sido questionado pelo policial militar sobre o motivo de estar ali e por que havia chegado atrasado. Os dois discutiram e o policial desferiu dois tapas no rosto do jovem.
Após a agressão, um professor da unidade foi até eles e protegeu o aluno, levando-o para a direção da escola. O profissional, que preferiu não se identificar, conversou com a reportagem do portal ND Mais.
“Escutei gritos que vinham do banheiro e fui até lá. Quando cheguei, eles já estavam fora do banheiro”, conta. “O menino relatou que tinha mais pessoas dentro do banheiro, mas o policial foi direto nele”.
“Nós” e “eles”
Ainda de acordo com a publicação do Movimento, antes de agredir o adolescente negro, o policial teria feito um comentário de cunho racista para um funcionário terceiriziado, também negro.
Segundo o funcionário relatou ao Movimento Maria Laura, o policial o chamou próximo ao banheiro e afirmou que, na época dele, “quem gazeava aula ou chegava tarde para ficar com as ‘branquinhas’ éramos ‘nós’, e não ‘eles’.
Após a denúncia do caso, o Sinte (Sindicatos dos Trabalhadores em Educação do Estado de SC) registrou um boletim de ocorrência. Um ofício também foi emitido, pedindo o fim da polícia dentro das escolas.
O que diz o governo do estado sobre o caso de racismo contra o adolescente negro
De acordo com a Secretaria de Estado da Educação, os fatos “estão sendo apurados para elucidação. Enquanto isso, a equipe multiprofissional do Núcleo de Política de Educação, Prevenção, Atenção e Atendimento às Violências na Escola foi acionada para acompanhamento dos envolvidos”.
Já a Secretaria de Estado da Segurança Pública afirma que teve conhecimento do caso de agressão contra o adolescente negro no final da quinta-feira e “adotou as devidas providências. O policial militar da reserva foi afastado das funções. Confira abaixo a íntegra das notas.
Secretaria de Estado da Educação
Os fatos ocorridos na EEM Governador Celso Ramos, em Joinville, estão sendo apurados para elucidação. Enquanto isso, a equipe multiprofissional do Núcleo de Política de Educação, Prevenção, Atenção e Atendimento às Violências na Escola (NEPRE) foi acionada para o acompanhamento dos estudantes envolvidos. A Secretaria de Estado da Educação repudia qualquer tipo de violência ocorrida dentro e fora das escolas estaduais de Santa Catarina.
O Governo do Estado articula e desenvolve uma série de ações em torno do tema segurança nas escolas, através da Secretaria de Estado da Segurança Pública, das Forças de Segurança – Polícia Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros Militar e a Polícia Científica – e da Secretaria de Estado da Educação, como o Programa Escola Mais Segura. Resultados importantes têm sido obtidos, com a constatação de aumento da sensação de segurança nas unidades escolares.
Secretaria de Estado da Segurança Pública
“A Secretaria de Estado da Segurança Pública de Santa Catarina (SSP-SC) informa que, a respeito do questionamento envolvendo um policial militar da reserva e um aluno em uma escola em Joinville, teve conhecimento do fato no final desta quinta-feira, 05, e adotou as devidas providências para a instauração de procedimento investigativo a fim de apurar o ocorrido.
A SSP-SC ressalta que não compactua com esse tipo de situação divergente da técnica doutrinada, em hipótese alguma. O policial foi afastado temporariamente das funções”.
A reportagem do portal ND Mais também tentou contato com a família do adolescente negro. Até a publicação desta notícia, porém, não houve retorno. O espaço permanece aberto.
Via ND+
6 de setembro de 2024