Publicado em: 9 de março de 2024
REUTERS - Ibraheem Abu MustafaA Faixa de Gaza foi isolada por Israel, que restringe a passagem dos caminhões carregados de alimentos e remédios. Mas, quando a ajuda humanitária chega ao enclave, poucos civis se beneficiam dos suprimentos.
“Há uma verdadeira máfia que coloca as mãos em quase toda a ajuda. No final, não nos resta nada e é a mesma situação no norte, centro e sul da Faixa de Gaza”, lamenta Randa, um morador. A ajuda roubada é revendida à população que pode pagar o preço estipulado pelos mafiosos.
Antes da guerra, um saco de farinha custava cerca de US$ 10 dez dólares, agora chega a US$ 200. “Conseguir alimentar a família todos os dias é um feito e tanto”, diz Nader, pai de três filhos. “Não temos escolha, para comer, temos que nos endividar. Em 150 dias de guerra, a situação só piora, é uma catástrofe”, disse.
No norte da Faixa de Gaza, os saques estão aumentando. Diante do crescimento desse mercado paralelo, o Programa Alimentar Mundial anunciou há duas semanas que suspenderia as entregas de alimentos para o norte do enclave.
Israel poderá armar civis para proteger ajuda humanitária
As autoridades israelenses estão considerando a hipótese de armar civis na Faixa de Gaza para proteger a entrega de ajuda humanitária no enclave palestino, de acordo com o jornal israelense Israel Hayom.
A medida está sendo analisada após o incidente ocorrido no norte da Faixa de Gaza em 29 de fevereiro, durante a distribuição dos mantimentos. Na ocasião, soldados israelenses dispararam contra multidões, matando dezenas de pessoas.
A tragédia gerou indignação mundial e evidenciou o problema da logística da ajuda humanitária, que deveria ser coordenada entre Israel e as agências da ONU. A polícia municipal de Gaza se recusa a proteger os comboios porque teme ser atacada pelas forças israelenses.
De acordo com o jornal, os civis escolhidos para garantir a segurança das distribuições de ajuda não têm ligação com o movimento islâmico e outros grupos armados palestinos.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, adiou uma decisão sobre o assunto. Seu gabinete não quis fazer comentários.
(RFI e AFP)