Publicado em: 17 de outubro de 2025
Bandos já são avistados em Orleans e se reproduzem ativamente nas encostas da Serra, enquanto o Ibama emite 165 mil autorizações de abate para conter a crise.
Um dos animais mais perigosos para o meio ambiente já está presente em 79% dos municípios de Santa Catarina, com relatos de bandos atuantes em cidades como Orleans e reprodução acelerada nas encostas da Serra. O javali, espécie exótica originária da Europa e da Ásia, tornou-se uma praga de proporções alarmantes no estado, levando o Ibama a autorizar o manejo – que inclui captura e abate – em 236 cidades. A agressividade e a ausência de predadores naturais intensificam o problema.
Os prejuízos são econômicos, ambientais e sanitários. Os animais chegam a devastar 40% de lavouras de grãos, causando grandes perdas aos agricultores. No meio ambiente, seu hábito de revirar o solo destrói nascentes, habitats e compromete o futuro de florestas. Além disso, os javalis podem transmitir doenças perigosas, como leptospirose e tuberculose.
Para conter o avanço, que já é uma realidade em muitas cidades da região serrana e suas encostas, Santa Catarina aprovou uma lei em 2023 que permite a caça do animal. A medida é apoiada pelo agronegócio, mas contestada na Justiça por entidades de proteção animal. Lages, Campos Novos e Capão Alto lideram o número de autorizações de abate.
Saiba mais:
A invasão de javalis no Brasil teve início na década de 1990, a partir de criadouros ilegais e solturas para caça. A espécie adaptou-se rapidamente, encontrando nas encostas da Serra e nas matas de Santa Catarina um habitat ideal para sua reprodução descontrolada. Com alta taxa reprodutiva – uma única fêmea pode gerar mais de 200 descendentes em apenas três anos –, a velocidade de expansão dos bandos para novas regiões, como o sul do estado, torna-se cada vez mais preocupante. Estima-se que os prejuízos anuais à agricultura nacional, causados pelos javalis, alcancem a casa de dezenas de milhões de reais.