Publicado em: 1 de setembro de 2025
Patrimônio cultural catarinense, esta dança aquática secular enfrenta ameaças da modernidade e da pesca industrial, mas segue encantando a todos.
Em Laguna, sul de Santa Catarina, ocorre um espetáculo de cooperação raro no planeta. Durante a safra da tainha, pescadores artesanais e botos praticam juntos uma técnica de pesca herdada de gerações, reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial. Os golfinhos são os mestres da estratégia: eles encurralam os cardumes e dão o sinal preciso – uma batida de cauda ou um mergulho específico – para que os humanos lancem suas tarrafas. É uma parceria baseada em puro instinto e confiança, uma tradição secular que transformou a cidade na Capital Nacional dos Botos Pescadores.
Mais do que um espetáculo para turistas, esta é uma atividade vital para cerca de 200 famílias locais, que dependem dessa sinergia única para seu sustento. Pescadores como Claudinho carregam orgulhosamente o conhecimento transmitido por avôs e pais. No entanto, essa herança cultural enfrenta sérias ameaças. O desinteresse das novas gerações, absorvidas pela tecnologia, a competição com a pesca industrial, a poluição e a redução dos cardumes de peixe colocam em risco a continuidade dessa prática centenária.
Apesar dos desafios, a magia persiste. Universidades e órgãos como o Iphan atuam para documentar e preservar a tradição, monitorando a saúde dos aproximadamente 46 botos da região, dos quais sete são parceiros frequentes. A história dessa cooperação extraordinária também é imortalizada no documentário “GARBO”, que convida o mundo a refletir sobre essa relação única entre homem e natureza, que precisa ser protegida para não se perder no tempo.
