A mania de arrancar cabelos ou outros pelos do corpo, chamada tricotilomania, é um hábito que pode causar incômodo intenso, vergonha e humilhação. A busca por ajuda profissional para tratar esta condição fez com que a psicóloga Daniela Arruda, que desenvolveu o costume ainda na infância e só conseguiu controla-lo na vida adulta, se tornasse especialista no tema.
Ela explica que a tricotilomania é classificada como um Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), mas apresenta uma dinâmica diferente e, por isso, precisa ser encarada de forma individualizada. O hábito faz parte dos Comportamentos Repetitivos Focados no Corpo (CRFC), atitudes repetitivas que possuem o próprio corpo do paciente como alvo.
Nesta categoria de TOCs, os mais comuns são roer as unhas, chupar o dedo, arrancar os cabelos ou pelos, cutucar cravos e espinhas, morder a bochecha, chupar os lábios e ranger os dentes. “Os atos costumam surgir quando se sente uma variedade de emoções com tentativas fracassadas de inibir o comportamento”, detalha Daniela Arruda, que aborda o assunto no perfil @daniarrudapsicologa.
O sinal de alerta se acende quando a pessoa começa a sofrer em decorrência das consequências desses comportamentos. “Por exemplo, quando as pontas dos dedos ficam constantemente machucadas, há falhas no couro cabeludo, a arcada dentária já apresenta alterações, o rosto ou outra parte do corpo está constantemente machucada, pois o cutucar é tão frequente que não permite a cicatrização da ferida”, enumera a psicóloga.
Diagnóstico e tratamento
Não há perfil de personalidade mais propenso a desenvolver esses problemas, já que as causas são tanto ambientais quanto genéticas e neurológicas. Assim, segundo a psicóloga, não se pode determinar um traço de personalidade, mas é comum que pessoas expostas a ambientes estressantes e ansiosos desenvolvam algum desses comportamentos.
A boa notícia é que há diversos tipos de tratamento para o problema. Um deles é um conjunto de técnicas e atividades chamado Reversão de Hábitos, que incluem auto-monitoramento e auto-registros para que se consiga tirar o comportamento do automático e passá-lo para o focado, quando o indivíduo toma consciência do ato. A Terapia Cognitivo Comportamental também é uma opção.
Seja qual for o tratamento indicado pelo profissional, é preciso ter em mente que não há um tempo definido para que o paciente aprenda a ter controle total da doença. “Como esses comportamentos focados no corpo são sintomas de outros problemas, é necessário identificar o que provoca o comportamento e criar um plano específico”, completa a psicóloga. “Na psicologia falamos em remissão total dos sintomas, ou seja: ele pode sumir por um tempo e, por algum impacto emocional, voltar, assim como pode nunca mais aparecer.”