Uma mulher de 34 anos, suspeita de se passar por médica em um hospital de Santa Catarina, foi presa em flagrante e autuada pela Polícia Civil por estelionato em Pouso Redondo, no Vale do Itajaí. O caso aconteceu em 6 de maio e foi confirmado pelo delegado Diones de Freitas na sexta-feira (13). A Polícia Federal também foi acionada.
A suspeita, que não teve a identidade divulgada, pagou fiança após ser ouvida na delegacia e foi liberada. Segundo documentos apresentados pela mulher, ela nasceu no Paraguai, mas também possui nacionalidade espanhola. O inquérito sobre o flagrante foi enviado ao Poder Judiciário.
No entanto, o profissional que a observava percebeu que ela não tinha conhecimento sobre medicina e interrompeu o trabalho.
Diante disso, o colega teria questionado a estrangeira com perguntas sobre o exercício da profissão, mas ela não soube responder. A Polícia Militar foi chamada e, segundo Freitas, prendeu-a em flagrante por falso exercício da profissão.
“Nosso médico responsável técnico que atua todos os dias dentro do hospital, das 7h às 19h, conversou com ela e a chamou para acompanhar um procedimento simples, e observou que ela não tinha afinidade nenhuma com a medicina”, disse, em nota, a direção do hospital.
Na Central de Plantão Policial (CPP) do município, Freitas acionou um delegado da Polícia Federal, que trabalha com a Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol), e conseguiu confirmar que alguns documentos apresentados pela suspeita eram falsos e tinham sido retirados da internet.
No depoimento, no entanto, ela seguiu confirmando que era formada em medicina. “Estava com um jaleco escrito que era cirurgiã”, afirmou o delegado.
Segundo Freitas, a Polícia Civil também entrou em contato com unidades de saúde em que a mulher afirmou ter trabalhado, mas não conseguiu confirmar a versão dela.
De acordo com o Código Penal Brasileiro, o crime de estelionato ocorre quando uma pessoa tem vantagem ilícita sobre outra, causa prejuízo, engana ou induz ao erro. A pena para quem comete o crime pode ser até cinco anos de prisão.
Íntegra da nota
Direção do Hospital Annagret Neitzke
“Uma mulher foi-nos apresentada para trabalhar em nosso hospital como médica em fevereiro de 2021, dizendo que era formada no Paraguai, com pós-graduação na Espanha. Na hora, deixamos bem claro que só seria possível trabalhar se tivesse documentação do CRM [Conselho Regional de Medicina] do Brasil, e ela disse que iria providenciar. Agora, em abril de 2022, ela retornou, dizendo que estava em Pouso Redondo e tinha documentos, e, como sempre precisamos de profissionais, recebemos ela. Nosso médico responsável técnico que atua todos os dias dentro do hospital, das 7h às 19h, conversou com ela e a chamou para acompanhar um procedimento simples, e observou que ela não tinha afinidade nenhuma com a medicina. E, neste momento, a equipe observou a documentação dela e percebeu que era falsa. Imediatamente, chamamos a Polícia Militar, que tomou todas as medidas cabíveis. Deixar claro que ela não atuou no hospital, não estava contratada”.
Por Caroline Borges, g1 SC
Foto: Marcos Santos/USP Imagens